Casos de microcefalia por causa do Zika podem aumentar nos próximos 2 meses, diz médico

Os casos de microcefalia podem aumentar até o final de janeiro e início de fevereiro de 2016 no estado da Bahia e em todo Brasil. A previsão foi feita pelo médico ultrassonografista Manoel Sarno, que trabalha no Hospital Roberto Santos em Salvador. Ele participou na noite de quinta-feira (10), do seminário sobre microcefalia associada ao Zika Vírus realizado na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs).

“A gente tem uns dados que há duas semanas eram oito casos de microcefalia na Bahia e hoje já são 86 confirmados e 180 sendo investigados. Pernambuco já está com 800 casos. Lá a infecção por Zika teve o pico em março e aqui em maio, então provavelmente a gente acredita que nos próximos dois meses a Bahia vai ter mais casos de microcefalia associado ao Zika Vírus. Isso deve se espalhar pelo resto do Brasil”, afirmou.

Manoel Sarno destacou que a infecção por dengue e zika tem maior incidência no período entre fevereiro e julho. Ele afirma que entre janeiro e fevereiro as pessoas devem redobrar os cuidados para reduzir a quantidade de mosquito e assim reduzir a quantidade de casos para o ano que vem.

Outro ponto destacado pelo médico ultrassonografista Manoel Sarno, foi o diagnóstico da microcefalia e acampamento durante e após a gestação. De acordo com ele, o tamanho do crânio não é o mais importante para diagnosticar a malformação.

“O caso mais grave que eu tive foi de um bebê que nasceu com a circunferência dentro do normal, porém tinha um diagnóstico pré-natal da microcefalia e no acompanhamento pós-natal o bebê evoluiu com hidrocefalia, ou seja, com a cabeça grande, e com uma destruição muito grande dos tecidos cerebrais. Esse bebê precisou evoluir para uma cirurgia de urgência com dois meses de vida. Meu medo é a gente acompanhar somente os casos com circunferência encefálica abaixo de 32 centímetros e negligenciar outros bebês que precisam de acompanhamento. O foco da gente precisa ser em duas frentes e não só os bebês com microcefalia. Precisamos também acompanhar os bebês de mães com quadro de Zika durante a gravidez”, salientou.

O médico Rivaldo Cunha, que é da Fiocruz no Mato Grosso e que também participou do seminário, afirmou que estamos diante de um gravíssimo problema de saúde pública, que começou a afetar o Brasil, mas que vai se espalhar para outros países do mundo onde tem o mosquito aedes aegypti. Ele explica as formas de transmissão do vírus.

“Inicialmente a transmissão do Zika é pelo mosquito e existe a possibilidade da transmissão da mãe para o filho e também pela relação sexual e amamentação, mas isso ainda não está muito bem documentado. São observações iniciais e por se tratar de uma nova apresentação clínica da doença, nós temos que ter cautela e desprender esforço físico para acompanhar e entender essa nova realidade”, afirmou.

A médica infectologista Normeide Pedreira mostra-se preocupada com a situação das famílias que estão tendo filhos com microcefalia. Segundo ela, os serviços de saúde precisam dar uma atenção diferenciada a essas pessoas e acredita que possa haver um aumento no número de equipes multidisciplinares para fazer esse acompanhamento.

“Todas as famílias quando estão diante de uma gestação esperam um bebê perfeito, no entanto, para algumas, isso não vai ocorrer, como é caso das pessoas que têm bebê com microcefalia. Isso é um impacto grande para essas famílias e elas precisam de muita atenção e assistência diferenciada. Precisamos compreender que a situação desses pais é muito diferente. Já existem muitos casos de microcefalia anteriores ao Zika e que são acompanhados por equipes multidisciplinares. Como estamos diante de um número muito grande de crianças com microcefalia, certamente tem que ser rediscutida a capacidade da rede SUS em atender todas essas crianças”, disse.

Normeide Pedreira destacou ainda que para cada criança com microcefalia haverá um defeito maior ou menor no cérebro e que a sobrevida vai variar de criança para criança. Segundo ela, via de regra, os bebês com microcefalia tem uma sobrevida de sete a 10 anos. “Cada caso pode ter uma gravidade diferente, então a sobrevida pode ser curta ou longa”, completou.

O seminário Microcefalia associada ao Zika Vírus prossegue na noite desta sexta-feira (11). O evento foi organizado por estudantes do 9º semestre do curso de enfermagem 2016.1 da Universidade Estadual de Feira de Santana. A presidente da comissão de formatura, estudante Ana Carolina Cohin, explica o que motivou a realização desse seminário.

“Devido ao aumento de número de casos de microcefalia no Brasil, em associação com o Vírus Zika, como já constatado pelo Ministério da Saúde, vimos a importância da realização desse seminário. Nosso propósito foi trazer para discussão informações científicas a cerca do tema para que esses estudantes sejam multiplicadores de informações reais”, afirmou.

 

Fonte: Acorda Cidade

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