Estudantes aprendem a confeccionar boneca Abayomi, símbolo de resistência da cultura afrodescendente

O “Projeto Abayomi: resgatando memórias, reconstruindo saberes” despertou o interesse dos estudantes da Escola Municipal Regina Vital, mantida pela Prefeitura no bairro Campo. Eles participaram esta quinta-feira, 7, da oficina em que a professora Rita Cassiana de Oliveira ensina a confeccionar com material reciclado a boneca Abayomi – palavra de origem iorubá que significa aquela que traz felicidade ou alegria ou ainda encontro precioso.

A atividade integrou a programação pelo mês da Consciência Negra, que transcorre em novembro em várias escolas municipais. Rita Cassiana é coordenadora do Núcleo de Educação para as Relações Etnicorraciais e Educação Quilombola, da Seduc.

A origem mais difundida das bonecas Abayomis remonta à época dos navios negreiros em que mães acompanhadas de seus filhos pequenos faziam longas travessias ao serem sequestradas na África e trazidas em regime escravo para o Brasil. Durante as viagens seus filhos ficavam muito inquietos e, no intuito de acalmá-los, as mães rasgavam retalhos de suas roupas para confeccionar as bonecas, em geral feitas apenas com nós e tranças. Elas também serviam como amuleto de proteção.

Símbolo de resistência, a Abayomi não traz demarcação de olho, nariz nem boca. Isto para favorecer o reconhecimento das múltiplas etnias africanas. O grupo Iorubá representa uma das maiores etnias da África, cuja população habita parte da Nigéria, Benin, Togo e Costa do Marfim.

“A Abayomi é um símbolo do orgulho e da consciência negra, daí resulta sua importância; apresentá-la para a comunidade escolar é oferecer um novo elemento para esta cultura, tantos anos ignorada por sua própria população”, defende a professora Rita Cassiana. “A boneca também representa a reafirmação das raízes da cultura brasileira, do poder e da determinação das mulheres negras”, observa a professora Indaiara Sant´Anna, gestora da Escola Regina Vital.

Grande parte da comunidade escolar da Rede Municipal de Educação é afrodescendente, dado que justifica a valorização de práticas promotoras da igualdade racial e do respeito às diferenças, conforme observa o prefeito Colbert Martins Filho. Este mês, diversas escolas promovem uma série de atividades de reconhecimento e respeito ao povo negro e sua cultura.

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *