Mulheres vencem resistências históricas e conquistam espaço nas Forças Armadas

Elas já são quase 26 mil oficiais na Aeronáutica, Exército e Marinha; conheça algumas dessas mulheres

Quando chegou à Marinha do Brasil, em 1990, após o primeiro concurso de seleção de oceanógrafas, Ana Cláudia de Paula encontrou um espaço bem menor do que o ocupado atualmente por ela e outras 7.974 mulheres que integram força naval. Hoje capitão-de-mar-e-guerra, Ana Cláudia é uma das 23 mulheres a ocupar o posto, uma das mais altas patentes da Marinha. “A gente teve que apresentar a nossa capacidade para os nossos pares (homens). Foi uma conquista paulatina, sem dúvida. À época, nós éramos seis mulheres oceanógrafas em toda a Marinha”, recorda.

O Brasil tem hoje 25.898 mulheres nas Forças Armadas (Aeronáutica, Exército e Marinha). Elas são 7% do efetivo total de defesa do País – númeroconquistado com a ajuda de leis específicas para facilitar o acesso feminino.

A Marinha foi a primeira força a abrir espaço para as mulheres, em 1980. Hoje, elas são 9,78% do efetivo total de 81.477 oficiais e praças da força naval.

Ana Cláudia, que coordena a Divisão de Ensino da Comissão de Gênero do Ministério da Defesa, lembra que para chegar a esse número foi preciso fazer adaptações simples, como desenhar coletes salva-vidas específico para as mulheres. Antes, os coletes recebiam um cordão que passava por baixo das pernas, o que representava um desafio para as saias da oficiais e praças.

Foram mudanças simples como esta e a conquista paulatina de espaços na estrutura hierárquica que lavaram, por exemplo, a capitão-de-mar-e-guerra Dalva Maria Carvalho Mendes a se tornar, em 2012, a primeira brasileira a alcançar o posto de oficial general das Forças Armadas, ao ser promovida a contra-almirante.

Relação saudável

A Força Aérea Brasileira (FAB) criou o Corpo Feminino da Reserva da Aero­náutica (CFRA) em 1981, o que a ajudou a chegar a 14% de mulheres entre seus 70.148 integrantes. Desde 2003, a FAB recebe mulheres no Curso de Formação de Oficiais Aviadores, que forma os pilotos de caça.

O sonho de trabalhar com aviões foi o que levou a paulista Liz Serzedello a entrar na FAB. Depois de dois anos de curso preparatório na Escola de Especialistas da Aeronáutica, em Guaratinguetá (SP), ela vive em Brasília.

A jovem de 20 anos é 3º sargento mecânica de voo do 6º Esquadrão de Transporte Aéreo, onde é responsável pela parte elétrica de aeronaves usadas, entre outras coisas, para transportar órgãos para transplantes em doentes. “Os homens estão acostumados. Eu não fui a primeira mulher a chegar ao esquadrão”, diz.

A realidade experimentada por Liz foi uma conquista gradual que mulheres como a capitão Ana Cláudia viram evoluir na prática. “Os homens de 26 anos atrás ingressavam na força apenas com homens e muito novos. As relações profissionais talvez fossem um desafio também para eles”, conta.

“Hoje, os homens já ingressaram na força com mulheres e têm curso de formação com elas. Eu considero essa a maior conquista do ingresso das mulheres nas Forças Armadas. Essas relações ficaram mais saudáveis, mais profissionais”, avalia a capitão da Marinha.

Surpresa musical

Já no Exército, a proporção de mulheres é menor: 3,7% do total de 218.764 integrantes. Essa proporção, contudo, tem crescido nos últimos anos, saltando de 6.466 mulheres, em 2012, para 8.101, em 2015.

Uma realidade que deve se consolidar com iniciativas como a abertura da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (ExPCEx) por determinação da presidenta Dilma Rousseff, após sancionar lei permitindo o acesso do público feminino.

Em 2016, o ExPCEx receberá a primeira turma feminina. A escola é o canal de entrada na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em Resende (RJ), e na Escola de Sargentos das Armas (ESA), em Três Corações (MG).

A maior abertura do Exército para oficiais femininas foi o que atraiu as 3º sargentos Ana Diniz, trompetista de 23 anos, e a saxofonista Carolyne Gonze Muniz, de 24 anos. Elas são as primeiras mulheres do quadro fixo da orquestra do Batalhão da Guarda Presidencial (BGP).

Segundo elas, a recepção pelos homens da banda foi positiva. “A recepção foi surpreendente, porque a gente não sabia como seria realmente. O nosso ambiente é muito sadio”, conta a mineira Carolyne.

Fonte: Portal Brasil, com informações do Ministério da Defesa, Aeronáutica, Exército e Marinha.

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