O JORNALISMO NO RÁDIO

Questionou-me, dias atrás, o comunicador Denivaldo Costa, titular do programa Subaé  Noticias, das 7 às 9 horas, na Rádio Subaé, o que mudou do jornalismo que se fazia no rádio na época da Onda Media (OM), hoje denominada Amplitude Modulada (AM), para o rádio atual, Frequência Modulada (FM). Posso falar dos últimos 50 anos, período em que tenho militado no rádio feirense,  cada dia mais forte e indispensável, apesar do surgimento de outros meios de comunicação.

O jornalismo em si, continua o mesmo na sua precípua missão de informar, com precisão e ética, os fatos que vão ocorrendo. Nesse aspecto, pode-se dizer que, praticamente, nada mudou. O repórter, o jornalista, permanece atento e ativo na sua inexorável missão. O que mudou, e muito, foi a logística. O avanço tecnológico verificado nos últimos anos –  e  que continua célere -, veio propiciar ao comunicador facilidades que ele jamais poderia imaginar na década de 60 ou de 70.

Um programa informativo de 30 minutos – padrão da época -, lido por dois locutores (noticiaristas), era todo redigido com antecedência. Cabia ao redator, captar as noticias através de receptores de rádio gravando-as ou não -, isso dependia de ter um gravador, e datilografar as notas, já que não havia ainda os computadores. Eram dezenas de laudas para cada programa jornalístico. Geralmente na abertura havia um comentário (editorial) que era entendido com a opinião ou palavra oficial da empresa, portanto inquestionável.

As dificuldades eram imensas. Os gravadores, quando começaram a ser introduzidos no rádio local eram enormes. Até mesmo os primeiros denominados portáteis, da marca Geloso, oriundos da Itália e que eram a energia elétrica. O telefone fixo era extremamente precioso e só disponível em algumas empresas e instituições. Daquela tecnologia, moderna para a época, hoje nada existe. Vale lembrar que uma transmissão externa, a exemplo de uma partida de futebol, significava carregar enormes rolos de fios – até mais de 100 metros -, inúmeros equipamentos e até montar transmissores e mesas de som. Portanto, era indispensável a presença de um técnico  de rádio na equipe.

Embora fugindo um pouco do tema, vale lembrar a importante contribuição dada nesse processo de avanço tecnológico pela Rádio Difusora Carioca quando aqui chegou em 1968. Na época, em quase todos os domingos, no processo de expansão e modernização da rede elétrica, a empresa responsável paralisava o fornecimento de energia por várias horas.  Assim, as emissoras de rádio ficavam fora do ar. O gerente da Carioca, Sidney Miranda adquiriu dois potentes geradores, um colocado na área dos transmissores, o outro nos estúdios na Avenida Senhor dos Passos.

A programação do domingo era gravada com antecedência no padrão da emissora – música, hora certa e noticia -, (como se estivesse sendo feita naquele dia e naquele momento) e assim, ia ao ar. Foi um impacto.  “Como a Carioca está no ar se a Sociedade e a Cultura não estão. A cidade está sem energia, como pode?” Era a pergunta corrente até que o “mistério” foi desvendado.

Vale lembrar também que a rede de transmissão, ou linha de transmissão, era física, e qualquer variação, um vento muito forte, chuvas de trovoada, uma árvore tombada ou até, maldosamente, um avaria e a emissora ficava fora do ar, até o problema ser detectado e feita a recuperação, trabalho que podia durar horas e até dias. Nos estúdios as mesas de som (consoletes) hoje mesas de áudio, requeriam verdadeiros malabaristas, artistas na acepção da palavra, para poder controlá-las. Os picapes, com três rotações, mudadas a todo instante, mediante um elástico e o pedal, para evitar microfonia, quando o microfone da cabine era aberto, exigiam extrema atenção. Hoje, tudo se resume a um computador.

 Então, voltando ao questionamento de Denivaldo Costa, a tecnologia deu um salto nos últimos anos trazendo comodidade e facilidade para o profissional do rádio, em todos os segmentos desse meio de comunicação.  O jornalismo foi grandemente beneficiado, tornando-se mais ágil, prático e imediato. Muito mais fácil de fazer. Mas, vale dizer que em 1960 a tecnologia era compatível com a época, como é a tecnologia atual e assim deve ser daqui a 10 ou 20 anos, já que o poder técnico-científico não para de evoluir. (Zadir Porto)

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