A VIAGEM

* Por Everaldo Soledade

Amiga você comprou passagem e viajou. Sabia que o pouso era em local iluminado e a recepção seria de gala, justa e merecida.

Recebida com honrarias digna de princesa. Deve ter sido uma ovação.

Preparou tudo. Começou cedo. Acompanhei o seu caminhar, quando eu tinha 13, e você 25 anos.

Ia ao seu local de trabalho pedia asilo, porque você trabalhava com ele, meu tio SÍLIO SOLEDADE, tabelião, e a casa do seu trabalho ficava vizinha, e minha tia, mulher dele, pedia para eu sair, pois ele era muito ciumento e não queria homem dentro de casa, assim ela falava e você, que o secretariava, me dava asilo, me abrigando.

Que homem? Eu só tinha 13 anos, embora um tanto crescido, um varapau. Sendo assim, e por ser vizinho, era o que restava, pois não conhecia nada na cidade, e sem saber para onde ir.

Você me recebia com um sorriso largo e bonito. Oferecia lanches, e dizia: “Seu tio é doido”. Verdade! Percebi isso muito depois. Ele era doente de ciúmes.

Ao sair, fui morar na casa que meu pai alugou na Praça Padre 0vídio.

Mas, como continuei trabalhando na mesma rua que você, nos víamos sempre.

Presenciei, mãos estendidas sempre, para cumprir os serviços cartoriais. Até aí sua função precípua era servir, atender clientes. Com sorrisos soltos, abertos e não só comigo, mas com os que lhe abordavam, querendo sua prestação de serviços profissionais, e tratava a todos com lhaneza, o que lhe era peculiar. Procurei copiar. Lição de vida.

Em verdade, você sempre foi um exemplo a ser seguido. Falece Sílio, meu tio, e você assume o Cartório. Tabeliã.

Recursos mais fartos, começa a cuidar de toda a família, pois, tinha irmãos com até 12 filhos e poucos recursos.

Mãos à obra. Não pararia por ai, pois a sua visão de enxergar os mais fracos era longa e penetrante, conseguindo vê-los à distância. Sentia o cheiro dos necessitados. E os via.

Lógico que era obra de CRISTO.  E por que? Porque temos certeza disso? Não havia dúvidas. No seu caminho, outra filha de Deus tinha encontro marcado para formar a dupla insuperável. Era uma parceria. Algo digno de olimpíadas. Verdade. Prata, Bronze e Ouro

Sim Irmã Rosa. Outra mulher também Abençoada. Caminhadas paralelas, mas convergentes. Se encontrariam e redobrariam os esforços. Os pobres teriam mais alento. A fome seria menor. Fome de tudo.

O desalento diminuiria.  Eles sorriam ao vê-las. Dentro deles irrompia um furacão de esperanças incontidas, pois ali estariam as benesses, a fartura, e a chegada só trazia o melhor, alimentos, telhas, tijolos, cimentos, que se materializariam tornando-se …em escolas, casas, padaria, educação, agasalhos. ALIMENTOS DO CORPO E DA ALMA.

Era um nada que se transformava em tudo. MÃOS MILAGROSAS. Fórmula mágica de mãos divinas.  Se fossem Olimpíadas, se valessem medalhas, ganhariam todas. No pódio todas. Só subiam vocês.

As obras se agigantariam. O sofrimento dos pobres começou a diminuir. A felicidade aumentou. Os desvalidos menos sofridos começaram a sorrir.

Mas ela tinha que ir.  A passagem estava comprada, o voo estava marcado. Voou, foi-se.

Zarpou. Aqui tudo é finito. Nada eterno.

Saudades teremos. Fica em nós a grande dúvida?

Quem preencherá esta lacuna?

A VOCÊ MINHA QUERIDA IRMÃ, ELISABETE DIAS MARQUES, SAUDADES ETERNAS E IMORREDOURAS. QUE DEUS SEJA LOUVADO POR TERMOS TIDO UM TEMPO COM VOCÊ!  

SAUDADES ETERNAS!

* Por Everaldo Soledade – Empresário

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