FLIFS na Maioridade: Um Festival que Transformou Feira de Santana em um Grande Livro Aberto.
Com recorde de público e uma programação que celebrou a leitura em todas as suas formas, a 18ª edição consolida o festival como um farol de cultura, diversidade e inclusão.
Dezoito anos se passaram, e o Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (FLIFS) atingiu sua maioridade não apenas como uma celebração, mas como uma força viva e pulsante na comunidade. A edição de 2025 foi a materialização de um sonho coletivo, onde a leitura, em seu sentido mais amplo, transbordou das páginas para invadir a praça com cores, sons, histórias e emoções. O balanço é de sucesso absoluto, com um público de 60.711 pessoas circulando durante os seis dias de evento, um número que traduz o apelo e a importância do festival para a cidade e região.
A força educacional do FLIFS se manifestou na impressionante adesão das escolas. Um total de 138 escolas públicas e privadas realizaram visitação ao evento, demonstrando o alcance do festival como ferramenta de formação de plateia e incentivo à leitura. Desse universo, 39 instituições de ensino, sendo 16 estaduais, 13 municipais, 9 privadas e 1 de outra natureza, inscreveram-se ativamente para apresentações. O entusiasmo foi tanto que, somadas, foram realizadas 42 apresentações escolares, mostrando o protagonismo dos jovens na cena cultural. Como incentivo concreto à formação de leitores, foram distribuídos quase dez mil vales-livros para professores e estudantes das redes estadual e municipal, garantindo o acesso democrático ao universo literário.
A programação diversificada foi um convite à imersão, com 9 sessões de contação de histórias, 8 conversas com autores, 26 apresentações culturais, 5 mesas literárias, 5 rodas de conversa, 3 espetáculos cênicos e 10 shows musicais. A cena literária floresceu com 7 mesas de lançamento de livros, que apresentaram ao público 104 novos títulos, enquanto 3 oficinas formativas, 4 exposições e 2 exibições audiovisuais completaram um cardápio com 124 atividades no total.

O sucesso do FLIFS 2025 é fruto de uma vasta rede de colaboração. Com realização da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Sesc Feira de Santana e Produtora Casa Amarela, o festival contou ainda com a força das parcerias da Arquidiocese de Feira de Santana, Prefeitura Municipal, através de suas secretarias de Educação e Cultura, Secretaria Estadual de Educação (NTE 19), UFRB, IFBA Campus Feira e a produtora Pau Viola. Um marco fundamental para esta edição foi a conquista do apoio do Programa Bahia Literária, através do Edital de Apoio às Festas, Feiras e Festivais Literários. Este recurso, viabilizado pelo Governo do Estado da Bahia, por meio das Secretarias de Cultura e de Educação e da Fundação Pedro Calmon, foi crucial para ampliar o alcance e a qualidade da programação, alinhando-se às políticas públicas de fomento à cultura e à educação.
A celebração dos 18 anos foi também um tributo àqueles que pavimentaram o caminho. Quatro personalidades foram imortalizadas no coração do festival, dando seus nomes aos espaços mais simbólicos. A cordelista Izabel Nascimento, cuja voz ecoa pela tradição popular, batizou a Praça do Cordel. A energia do músico Bel da Bonita, lembrado in memoriam, seguiu vibrando no Palco principal. O Café Teatro respirou a literatura de Aloísio Resende, também homenageado in memoriam. E a imaginação da criançada na Arena Flifinha foi guardada pelo espírito brincalhão do ator Márcio Sherrer, celebrado in memoriam. Esta escolha plural reconheceu que a formação de leitores acontece por muitos caminhos, seja através da palavra rimada do cordel, da melodia de uma canção, da profundidade de um texto ou da magia do teatro.
A Arte que Habitou a Cidade: O Mundo Vibrante de Jean Lima
A identidade visual desta edição histórica foi assinada pelo artista feirense Jean Lima, que imprimiu sua alma nordestina em cada detalhe do festival. A arte de Jean Lima tomou conta da infraestrutura do evento, com seus personagens da série “Nordestinos” ganhando vida em grandes dimensões, colorindo a praça e dialogando diretamente com o público. Essas figuras, com suas cores vibrantes e formas fluidas, foram mais do que cenografia; foram um espelho da identidade regional, uma celebração do povo nordestino em sua pluralidade e vitalidade. A experiência de estar cercado por essa galeria a céu aberto foi profundamente impactante, criando um elo afetivo imediato e transformando o espaço público em uma extensão viva das aquarelas do artista.
Para quem deseja se aprofundar no universo do artista homenageado, a Exposição: Deste, Destino, Nordestino – Jean Lima está disposta no Museu Regional de Arte – MRA – CUCA com Visitação Gratuita até 24 de outubro. A mostra reúne obras da série “Nordestinos”, onde o artista reconstrói a imagem do povo nordestino, fugindo dos estigmas para celebrar memórias, afetos e identidades.

Vozes de uma Celebração Plural
A emoção tomou conta da Pró-Reitora de Extensão da UEFS, Taíse Bomfim, que destacou a “programação repleta e o recorde de público, enfatizando que a cidade pede por cultura e a necessidade de ampliar o festival para atender a essa demanda crescente”. Ela agradeceu a todos os parceiros históricos e ao apoio do edital Bahia Literária. A coordenadora do FLIFS, Cristiana Oliveira, celebrou o “sucesso absoluto em participação popular e número de atividades, agradecendo de coração cheio ao público e colaboradores por fazerem da edição de maioridade uma das maiores de toda a história do evento”. A Reitora da UEFS, Amali Mussi, reforçou o “compromisso ético e político do festival com a formação leitora, destacando a colaboração dos parceiros para promover uma festa que transforma realidades através da educação”.
O editor Gustavo Felicíssimo, da Mondrongo, confessou que o FLIFS é, “sentimental e financeiramente, o festival mais importante para a sua editora, que há 13 anos participa do evento e sempre traz lançamentos, especialmente de autores feirenses”. O cordelista Romildo Alves fez uma avaliação entusiasmada, elogiando o FLIFS como “o único evento na Bahia que verdadeiramente valoriza os poetas de cordel, garantindo estrutura e cachê digno”. Por fim, a mestra Lainha, cordelista, enalteceu o “espaço que o festival abre para as mulheres, permitindo que mostrem seu trabalho sem discriminação e celebrando o avanço feminino na literatura de cordel”, um momento que ela definiu como “ímpar, único e enriquecedor”.
Assim, o FLIFS 2025 encerrou seu ciclo não como um fim, mas como um novo capítulo. Um capítulo que, aos 18 anos, reafirma seu papel essencial como agente de transformação, provando que promover a leitura é, acima de tudo, celebrar a vida em toda a sua diversidade e complexidade, com a arte como fio condutor para formação de novos leitores.
* Fonte: Comissão Organizadora 2025 – Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (FLIFS)