ika destruiu tumor cerebral e pode ser útil no combate ao câncer, diz estudo
Injeção do vírus diretamente no tumor matou células-tronco de grave câncer cerebral em cobaias. Pacientes humanos com esse tipo de câncer vivem em média um ano após o diagnóstico.
preferência do vírus zika por neurônios pode ter um “lado bom”, sugere estudo publicado no “The Journal of Experimental Medicine” nesta terça-feira (5). Isso porque, ao mesmo tempo em que essa predileção pode provocar anomalias em crianças, ela também pode destruir um grave tumor cerebral em adultos: o glioblastoma, câncer em que pacientes vivem em média um ano após o diagnóstico.
Hoje, o tratamento para o glioblastoma envolve radioterapia e quimioterapia, mas sem efeitos prolongados. Mesmo com o tratamento, células-troncos associadas ao tumor sobrevivem e “driblam” o sistema imunológico. Resultado: o tumor volta cerca de seis meses depois.
“É tão frustrante tratar um paciente tão agressivamente apenas para ver o seu tumor voltar alguns meses depois”, diz Milão Chheda, um dos autores do estudo, em nota sobre a pesquisa.
Assim, ao ver a ação do vírus da zika no cérebro de crianças, cientistas se perguntaram se o zika não poderia ser utilizado para matar células-tronco de tumores cerebrais.
A ideia é que, como adultos não são atingidos pelo vírus zika com a mesma letalidade que fetos, a ação do vírus no cérebro poderia ser utilizada no câncer como uma espécie de terapia-alvo. Nessa estratégia, a preferência do zika por células-tronco neuronais poderia ser utilizada “em nosso favor” para atacar somente o tumor cerebral.
“Nós nos questionamos se a preferência do vírus zika por células neurais poderia ser usada contra as células do glioblastoma”, diz Michael Diamond, pesquisador da Universidade de Washington, em nota.
Para testar a hipótese, pesquisadores dividiram cobaias com glioblastoma em dois grupos: 18 camundongos foram infectados com o vírus zika e outros 15 receberam uma solução salina sem vírus ativos. As injeções foram aplicadas diretamente no tumor.
Nas cobaias que receberam o vírus zika, a injeção diminuiu o crescimento do tumor e prolongou significativamente a vida útil dos animais. Como demonstra, abaixo, a imagem:
Depois, em novos testes, pesquisadores infectaram camundongos com uma cepa atenuada do zika, mais sensível ao sistema imune. Exames demonstraram que mesmo essa cepa ainda foi capaz de matar especificamente as células-tronco ligadas ao glioblastoma.
Testes em amostras mais fracas do vírus são importantes para garantir a segurança de um possível tratamento, afirmam os pesquisadores. De qualquer modo, como adultos tendem a sofrer menos com a infecção por zika, cientistas acreditam que o tratamento poderia ser adotado com uma toxicidade aceitável, levando-se em conta a letalidade do tumor.
Agora, pesquisadores planejam testes pré-clínicos para verificar como o organismo humano reagiria à infecção “controlada do zika” em terapias. Ainda, seria necessário definir um protocolo de tratamento.
De antemão, cientistas acreditam que qualquer tratamento com o zika deve ser feito durante cirurgia de remoção de tumor. Isso porque, caso o zika seja aplicado em qualquer outra parte do corpo, sua ação poderia ser bloqueada pelo sistema imune.
Fonte: Bem Estar