Inauguração Casa da Ponte movimentou a noite de segunda-feira no Largo do Pelourinho.
O maestro Ubiratan Marques apresentou o casarão do século XVIII, totalmente reformado, para seus convidados.
Um dos espaços mais importantes de manifestações afro em Salvador, o Largo do Pelourinho, em plena segunda-feira (13), foi invadido por burburinhos de convidados, sons de instrumentos e vozes de corais em uma noite muito especial. No movimentado casarão de nº 10, totalmente reformado, o maestro Ubiratan Marques recebia artistas, imprensa, músicos, autoridades e público em geral para apresentar a Casa da Ponte, que é ocupada pela Orquestra Afrosinfônica, pela escola Núcleo Moderno de Música, pelo Ponte para a Comunidade e por outros projetos realizados pela instituição.
Durante o evento, todos tiveram a oportunidade de visitar o casarão do século XVIII, onde eram recebidos pela performance de músicos em vários ambientes. Com discurso emocionante do maestro Ubiratan Marques e de Paulo Alcoforado, fundador da instituição junto ao Maestro, a cerimônia de reabertura do casarão foi encerrada por uma breve apresentação no estúdio-auditório com o maestro Ubiratan Marques ao piano, as cantoras e diversos músicos da Orquestra Afrosinfônica, que encantou o público presente.
O projeto “Restauração e readequação arquitetônica do casarão do século XVIII…” é viabilizado pela Lei Federal de Incentivo à Cultura, Ministério da Cultura, e tem patrocínio do Nubank.
Desde o final da tarde, muita gente circulou na Casa da Ponte. Passaram por lá Rita Castro, diretora do Olodum, Rogério Oliveira, presidente do Cortejo Afro, representantes da Banda Didá, Filipe Cartaxo, SekoBass e Roberto Barreto (Baiana System), Emílio Mwana (Rumpilezz), Vandal, Rodrigo Sirqueira, artista plástico e Axogun do Terreiro Ile Oba L’OKÊ; Gerônimo Santana; Roberto Mendes;Mou Brasil; Juraci Tavares, Claudia Vaz, Chicco Assis (Secult Salvador), Ricardo Rosa (Funceb), Deputada Olívia Santana e Luciana Mandelli .
O casarão que abriga a sede da Casa da Ponte, tombado pelo IPHAN e com 862 m², está localizado na poligonal do Centro Histórico de Salvador — sítio reconhecido pela UNESCO — em frente à Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e ao lado da Fundação Casa de Jorge Amado e de outros casarios centenários.
“Este é um projeto da vida toda, um projeto de identidade, faz parte de tudo que aconteceu na minha história. Toda a minha bagagem vem para este espaço; isso aqui é a realização da minha trajetória de aprendizado em concreto. É música afro-brasileira, de matriz africana, que sustenta toda a música brasileira com suas referências que saem dos terreiros. A minha maior alegria é que essa casa é para o povo”, comenta o Maestro Ubiratan Marques.
As intervenções adaptaram o imóvel com sala/estúdio para apresentações, ensaios e gravações da Afrosinfônica, salas para aulas de música coletiva e individual do Núcleo Moderno de Música, salas de reunião, governança, administração, comunicação e para o corpo docente. A reforma inclui o restauro de esquadrias, forros, assoalhos, cobertura e nova infraestrutura hidráulica e elétrica.
No quintal, que se descortina para o belo cenário da Baía de Todos os Santos, será construído um deck, um espaço contemporâneo com café e para apresentações de alunos e pocket concertos. Assim como na música, o moderno e o ancestral, o presente e o passado se integram também nas escolhas de matérias de decoração e nos móveis.
“Entramos no casarão no final de 2018 e, quando começamos a planejar a reforma, logo veio a pandemia. Neste período, o seu estado ficou mais crítico, devido à chuva que deteriorou mais o telhado. Com a aprovação do projeto Ponte para a Comunidade, fomos fazendo pequenos reparos para utilizar algumas salas. Agora ele é um espaço ocupado por um projeto voltado para a população negra, pensado exatamente por uma pessoa negra”, afirma o maestro Ubiratan Marques, idealizador da Casa da Ponte.
* Fonte: Jamil Moreira Castro – COMO Comunicação