CHAMPOLLION – O GRANDE DETETIVE DO PASSADO

Com a moderna tecnologia, tornou-se mais fácil deslindar registros de acontecimentos da historia, antes pacientemente pesquisados durantes anos, por dedicados estudiosos, sem que, muitas vezes, fosse obtida uma resposta conclusiva. Ainda hoje renomados cientistas e pesquisadores investigam a história antiga persistindo na missão de remontar o quebra cabeça da civilização humana no passado, mas o título de “o grande detetive da antiguidade”, foi merecidamente conferido ao francês Jean-François Champollion, que decifrou a escrita dos antigos egípcios gravada na Pedra de Roseta e, desse modo, abriu ao mundo as páginas, até então nas trevas, de mais de três milênios do povo egípcio.

Pouco se sabia da magnifica historia do antigo Egito, apesar do interesse e curiosidade que isso representou durante séculos, notadamente para os ocidentais. A terra de santuários e templos parecia definitivamente destinada a manter seus segredos ao mundo moderno. Todavia Jean-Jacques François, filho de um médico da pequena aldeia de Lot, interior da França, nascido em 23 de setembro de 1790, iria mudar esse panorama. De rara inteligência ele aprendeu a ler só e aos 10 anos passou a ser tutelado pelo irmão mais velho Jacques-Joseph, professor de grego da Universidade de Grenoble.

Aos 14 anos de idade, revirando a biblioteca do irmão, Champollion encontrou um livro do Século XVIII, escrito por um jesuíta, revelando que a língua dos coptas – egípcios que haviam adotado o cristianismo -, era derivado da língua dos antigos egípcios. Foi o ponto de partida de tudo para o jovem francês. Aos 17 anos ele reconstruiu a geografia do antigo Egito e com base na Bíblia e, comparando textos árabes e hebraicos, com manuscritos coptas, escreveu o Relatório sobre a Geografia, Religião, Língua, Escrita e História do Antigo Egito.

Logo após, Champollion obteve uma cópia dos caracteres gravados num monólito encontrado pelo capitão Etienne  Bouchard, em 1799, nas fundações do Forte Rachid (Roseta), ao norte do delta do rio Nilo, contendo três inscrições em diferentes hieróglifos egípcios. A partir de então o jovem francês dedicou-se a estudar a Pedra de Roseta. Mudando-se para Paris, ingressou na Escola de Línguas Orientais, aperfeiçoando-se no idioma copta. Mas, a vida reservava surpresas para o jovem francês. Napoleão fugia da ilha de Elba, onde estava exilado e secretamente voltava à França, em março de 1815, escolhendo como secretário Jacques-Joseph. Com o colapso do império de Napoleão, Champollion e seu irmão, acusados de conspirações, foram banidos para Figeac e só cinco anos depois puderam voltar à Paris.

Em 1822 Champollion descobriu, na Pedra de Roseta, que a escrita dos faraós era mista, sendo os hieróglifos fonéticos e sua leitura facilitada por sinais determinativos. Nesse mesmo ano ele teve acesso a um documento que auxiliou os seus estudos e a identificar o nome Ramsés. Em 27 de setembro de 1822 ele apresentou a descoberta ao Instituto de França, sendo premiado, tornando-se famoso. Apesar de tudo, ele não conhecia o Egito, o que só veio acontecer em 1828, com uma equipe de 14 arquitetos, para uma visita de 20 meses, retornando à França com desenhos, anotações, múmias, sarcófagos, vasos e outros materiais, mas estava gravemente debilitado devido ao calor do Egito. Foi indicando para a cadeira de Arqueologia do Colégio de França. Champollion faleceu aos 41 anos de idade em 4 de março de 1832. Graças a sua persistência mais de três mil anos da história egípcia puderam ser conhecidos pelo mundo atual.

*Por Zadir Marques Porto (Jornalista) – Colaboração.

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