Doença silenciosa: endometriose atinge sete milhões de mulheres no Brasil.

Dra. Glauce Casaes, ginecologista especialista em endometriose, chama atenção para os sintomas e importância do diagnóstico precoce.

Crédito: Divulgação

A saúde da mulher é algo fundamental para se tratar com frequência, pois abrange uma gama de questões médicas e culturais. Por muitos anos, falar sobre essa temática ainda era algo silenciado na sociedade por diversas questões, entre elas o próprio machismo que acaba por estereotipar e invalidar certas dores, como a cólica e até mesmo a endometriose, doença que por muitos anos foi ignorada por médicos e até mesmo pela sociedade.

A endometriose é uma doença que se dá quando o endométrio, camada interna do útero, se localiza na região de fora. Geralmente, quando isso acontece, o corpo passa a entender o local errado, iniciando um processo de reação para destruí-lo, gerando uma reação inflamatória. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 176 milhões de mulheres sofrem da doença, sendo mais de sete milhões apenas no Brasil.

Dessa forma, nos últimos anos, o assunto vem sendo debatido constantemente por diversas mulheres. Várias personalidades da mídia como Adriana Esteves, Larissa Manoela, Patrícia Poeta e Malu Mader já revelaram publicamente sofrer da doença que muitas vezes passa despercebida ou é mal compreendida.

Sintomas 

Os sintomas da endometriose podem variar de mulher para mulher dependendo da localização, dos focos, e do grau da evolução. Geralmente, os fatores de riscos ligados à doença estão relacionados, principalmente, à questão genética.  

Glauce Casaes (@glaucecasaes), ginecologista e obstetra parceira do Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana (IHEF), destaca alguns sintomas ligados à endometriose, conhecida como a doença dos seis “D’s”, sendo eles: 

  • Dismenorreia, que é cólica menstrual intensa;  
  • Dispareunia, que é a dor causada na relação sexual profunda;  
  • Dificuldade de engravidar ou infertilidade;  
  • Dor abdominal frequente, essas mulheres geralmente têm “endo belly”, que é aquela barriga distendida e dolorosa;  
  • Dor ou sangramento intestinal, que geralmente acontece quando o tecido endometriótico se instala no intestino, causando dificuldades para evacuar e sangramento retal durante a menstruação; 
  • Dores urinárias frequentes no período menstrual ou fora dele, que se assemelham à infecção urinária, e quadros depressivos por neuro inflamação. 

A profissional ainda ressalta que os problemas enfrentados diante da doença também impactam na saúde da mulher, que precisa estar constantemente lidando com essas questões, às vezes de maneira sozinha, tendo que conviver com a dor até mesmo pela falta de empatia dos profissionais e falta de compreensão na família e no ambiente de trabalho. 

“O impacto psicológico dessas mulheres vem por dois motivos. Primeiro, pela maioria delas serem invalidadas nas suas queixas, seja no trabalho, seja na família, ou infelizmente por alguns profissionais de saúde. Algumas chegam até a nível de separação por não conseguirem ter vida sexual, outras de serem demitidas no seu emprego por incompreensão dos gestores e dos colegas de trabalho. Isso por si só já causaria uma doença psicológica, uma ansiedade, uma tristeza”, pontua a médica. 

Tratamento 

Segundo Glauce, o tratamento da endometriose começa, primeiramente, no tratamento de base, que consiste em respeitar os ciclos circadianos, não consumir alimentos inflamatórios, realizar atividades físicas e suplementação.  

A médica explica que após esse tratamento, o hormonal entra em sequência, uma vez que endometriose é uma doença inflamatória, progressiva e de caráter hormonal. “Como ela é uma doença de predominância estrogênica e que tem uma resistência à progesterona, o tratamento hormonal é muito importante. Ele tem que contemplar ou diminuir o excesso do estrogênio ou melhorar a resistência da progesterona”, ressalta. 

Além disso, a especialista destaca os tratamentos cirúrgicos, atualmente, feitos por videolaparoscopia ou por robótica. “Os tratamentos cirúrgicos hoje nós só temos de forma clássica, uns cinco ou seis indicações de cirurgia para endometriose. A videolaparoscopia, por exemplo, é indicada apenas em algumas situações em relação às intercorrências ou agravamento da doença da endometriose”, explica a especialista. 

Diagnóstico precoce é essencial para evitar progressão da doença 

A médica pontua que o diagnóstico precoce é uma das alternativas para evitar que a doença se propague ao ponto de precisar da utilização de medicamentos mais pesados e até mesmo do bloqueio hormonal. Além disso, a ginecologista também reforça a importância de levar para as adolescentes mais informações sobre a doença, os sintomas e as formas de tratamento. 

“O nosso grande objetivo é o diagnóstico precoce, tratamento adequado e acolhimento dessas mulheres. Elas precisam, acima de tudo, ter uma visão empática do profissional que vai acolhê-la. O profissional precisa entender que essas mulheres geralmente trazem retrato de dor, frustração, problemas familiares, conjugais, sexuais e que elas merecem ser tratadas e conduzidas por especialistas que sejam empáticos a essas mulheres”, esclarece a médica. 

Os exames indicados para diagnosticar endometriose é a ressonância magnética da pelve e um ultrassom para mapeamento da endometriose com preparo intestinal. Segundo Glauce, o IHEF é uma das clínicas de imagem que oferece esse tipo de exame em Feira de Santana. A médica também alerta que os ultrassons endovaginais simples não servem para dar o diagnóstico de endometriose, porque as lesões são pequenas, e precisam de um preparo intestinal.  

Além disso, com o objetivo de disseminar conhecimento e promover a saúde da mulher, Dra. Glauce Casaes utiliza seu Instagram (@glaucecasaes) como uma plataforma educativa e inspiradora. Nessa rede, a especialista compartilha informações valiosas não só sobre endometriose, mas também sobre menopausa, SOP, saúde hormonal e bem-estar feminino. Ao abordar questões relevantes e atuais, a ginecologista apresenta a sua missão de “empoderar mulheres através do conhecimento e promover uma vida mais saudável e equilibrada”.

* Fonte: JULIANA VITAL / THAIS FIGUEIREDO – Comunicativa Associados.

Comentários

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *