FAB promove encontro entre receptores e profissionais que ajudaram nas doações

Somente em 2019, a Força Aérea Brasileira realizou 121 voos de transporte de órgãos
lícia Alves Silva é uma criança bastante alegre e comunicativa. Ela tem apenas nove anos, mas já sabe a importância da doação de órgãos. Aos dois anos ela recebeu um coração novo, que pertencia a um morador de São Paulo. “Eu me sinto feliz, porque se o menininho não tivesse doado o coraçãozinho para mim, eu não estaria aqui. Aí eu não teria conhecido o meu irmão, eu não teria conhecido muita gente”, disse.

Para marcar o Dia Nacional de Doação de Órgãos, a Força Aérea Brasileira (FAB) reuniu, nesta sexta-feira (27), agentes de diversas fases desse processo a fim de mostrar a importância de ser doador. A FAB atua em parceria com a Central Nacional de Transplantes (CNT), levando os órgãos ao local onde está o receptor. Somente neste ano, foram feitos 121 voos para transporte de órgãos. O fígado foi o mais transportado, seguido pelo coração e pelos rins.

O coronel Rodrigo Goretti Piedade comanda as operações realizadas a partir de Brasília, do 6º Esquadrão de Transporte Aéreo. Ele afirmou que sempre há uma equipe de sobreaviso pronta para voar. “A partir do momento em que a CNT nos aciona, a gente tem muito pouco tempo para poder deslocar as equipes, principalmente com relação ao tempo de isquemia de alguns órgãos. Então temos que utilizar nossos meios mais rápidos para poder ter esse órgão nas localidades para que sejam realizadas as cirurgias” explicou.

A representante da Central Nacional de Transplantes do Ministério da Saúde, Edilamar Barbosa Rodrigues, explicou que o papel da central é gerenciar a alocação dos órgãos em âmbito nacional. “Uma vez que foi definido o aceite do órgão, houve uma equipe que aceitou, a gente precisa definir a logística. Primeiro, a gente tenta com transporte privado. Esgotadas as possibilidades, a gente aciona a FAB.”

Aeronave C-95 Foto: FABTripulação da FAB e aeronave U-35 Foto: FAB

Nova vida
Evaldo Nascimento Araújo, 48 anos, hoje, pode trabalhar como vidraceiro. Ele passou por um transplante há dois anos, no dia do seu aniversário, e está satisfeito por ter ganhado uma nova vida de presente. Antes, sequer conseguia andar, pois se sentia muito cansado. “Hoje já ando, já trabalho, posso correr, praticar esporte. Tem que doar mesmo (órgãos) para salvar vidas das pessoas, que isso é muito importante, como foi pra mim, que recebi esse coração.” E conclui com uma gargalhada. “Hoje estou muito feliz.”

Passados sete anos, Giselly Alves da Silva, mãe de Alícia, ainda se emociona ao falar da época do transplante. Ela aproveitou a ocasião para agradecer a toda equipe da FAB presente. “Sei que todos vocês fizeram parte, desde o começo, na hora em que o telefone tocou na minha casa, dizendo que tinha chegado um coração para ela, eu sei que vocês já estavam trabalhando. Se não fosse o trabalho de cada um, hoje eu não estaria com minha filha aqui.”

Um dos responsáveis por levar órgãos doados ao seu destino é o tenente Daniel Colchete. Ele foi o piloto que mais fez esse tipo de vôo em 2019. “É uma missão muito gratificante, porque, no momento em que pousa, às vezes recebe o contato da CNT de que a cirurgia foi um sucesso. A gente realmente sente o dever cumprido, de que uma vida foi salva com o nosso esforço, com o nosso trabalho.”

Em média, um voo de transporte de órgão dura pouco mais de cinco horas e possui uma tripulação composta por três integrantes da FAB, além da equipe médica responsável pelo transplante. A escolha da aeronave depende de fatores como distância a ser percorrida. As mais usadas são o Embraer 110 Bandeirantes (C95), o Embraer 120 Brasília (C97) e o Laerjet 35 (U35).

Desde 2017, a FAB disponibiliza 24 horas uma aeronave e dez tripulantes, exclusivamente, para o transporte de órgãos.

Categoria
Forças Armadas e Defesa Civil
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