ROBINSON CRUSOÉ EXISTIU MESMO!

Personagem ficcional do imortal romance que tem o seu nome, Robinson Crusoé não foi meramente uma figura da imaginação do escritor Daniel Defoe. O herói realmente existiu e viveu sua saga a partir do ano de 1704, em uma ilha do Pacifico Sul, hoje oficialmente denominada Ilha Robinson Crusoé, ao largo da costa do Chile. O verdadeiro protagonista foi Alexandre Selkirk, marinheiro escocês de 28 anos, abandonado na ilha após praticar insubordinação contra as más condições do navio que tripulava.

Uma espingarda de pederneira, com pólvora e balas, uma machadinha, uma faca, uma caldeira, um pequeno baú com roupas, tabaco, instrumentos náuticos e uma Bíblia, foi todo o patrimônio portado por Selkirk ao ser largado no local, pelo furioso capitão do navio escocês, indignado com as reclamações do rapaz.  Resultado, durante quatro anos e quatro meses, o marinheiro escocês perambulou pela ilha e ao contrário do personagem ficcional, ele nada tinha levado de comida.

No inicio Selkirk se abrigou em uma caverna pouco profunda, mas foi obrigado a procurar um local mais alto, acima da baia de Chumberland, devido ao incômodo provocado pelo rugido de centenas de leões-marinhos. Na esperança do surgimento de um navio inglês para salvá-lo e sem ter algo mais a fazer, dedicou-se a ler a Bíblia e a cantar salmos que conhecia desde criança. À noite era atormentado pelos ratos que roíam seus pés e suas roupas, mas para a sua sorte, havia muitos gatos que haviam sido soltos por marinheiros.

A carne de cabra, que ele abatia a tiros, era a sua principal alimentação ao lado das lagostas existentes em grande quantidade naquela região. O palmito foi o substituto do pão e havia profusão de legumes que haviam sido plantados por corsários. Além da carne e do leite, ele usava a pele desse animal para fazer roupa e calçados. Acidentado, Selkirk passou 10 dias sem sair de sua cabana, mas conseguiu se recuperar e escapou de navios espanhóis, que pararam na ilha. Nessas oportunidades marinheiros efetuaram ampla perseguição disparando para matá-lo, mas por conhecer literalmente o terreno ele conseguiu se esconder.

No dia 1 de fevereiro de 1709, Alexandre Selkirk avistou duas velas na direção da baía, correu para a praia e acendeu um foguete. Esperou durante à noite, mas os navios corsários Durk e Dutchess temendo que fosse uma armadilha, permaneceram distantes até ao meio dia seguinte, quando o capitão Rogers enviou um barco com oito bem armados marinheiros para efetuar o reconhecimento da ilha. Eles se surpreenderam: um ser de aspecto primitivo, barbudo, cabeludo, vestindo pelo de cabra e de aparência selvagem. Levado à bordo do Duke, Selkirk depois e mais de quatro anos de solidão, não conseguia se comunicar, o que  só veio a fazer dias depois. Seus pés estavam tão inchados que não houve sapato que lhes calçassem.

O capitão Roger nomeou-o patrão do navio Dutchess e durante 11 meses os bucaneros saquearam navios do Chile e México acumulando presas estimadas em 800 mil libras. Em outubro de 1711 Selkirk desembarcou próximo de Londres. Chegou a Lagos sua cidade natal, num sábado, mas ninguém reconheceu aquele homem ricamente trajado. Na igreja depois de muito perscrutado foi reconhecido pela mãe que já o tinha como morto.

Ele sonhava com a solidão e falava sempre em “minha ilha querida”. Foi para Londres com uma vizinha Sofia Bruce, dois anos depois ingressou na Armada Real e morreu aos 45 anos de idade como primeiro piloto do H.M.S. Weimouth, na costa da África.  A inusitada aventura do marinheiro escocês, relatada em parte pelo capitão Rogers em 1712, e em uma entrevista a Sir Richard Steele, inspirou Daniel  Defoe a escrever o romance Robinson Crusoé lançado em 1719. Hoje a ilha, rebatizada como Ilha Robinson Crusoé, é um paraíso para incansáveis turistas.

 (Zadir  Porto)




Robinson Crusoé e Sexta-Feira na ilha deserta (ilustração impressa por Currier and Ives, c. 1874).
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