O 8º COLÓQUIO DO GELC NO MAP (Museu de Arte Popular)

O PREÇO DO ESPAÇO BIOGRÁFICO

 

Fazer algo com insistência, paixão e cuidado durante um longo tempo e de forma regular origina certo hábito de necessidade. Ficamos parecidos com aquilo que desejamos e fazemos. Não há dúvida de que somente devamos nos dedicar àquilo que valha mesmo à pena, pois nossa energia, tempo e existência se escoarão inevitavelmente para aquele lugar de desejo. Assim é o Colóquio do Gelc. De alguma forma, estas construções, de tantos olhares atenciosos, toques e retoques, poderão adquirir a humanidade que está em nós, quiçá também adquirindo a sua própria vontade de existir. Nada tão importante poderá ser ou manter-se inerte. Tudo se move, e mesmo a recusa de mudar é um movimento! De acordo com as discussões realizadas no Grupo de Estudos Literários Contemporâneos, GELC, em algum momento nós deveríamos fazer este movimento em direção a ver e misturar-nos àquela humanidade sobre a qual tanto indagamos, provocamos e gesticulamos com a teoria.
Como diz uma pessoa muito importante, a energia é circular, assim como o mundo. Quando lançamos desejos, projetos e ideias – é certo que de mais lançamos –, elas perfazem um círculo retornando para nós. De tanto falarmos em cultura popular, em expressões da vida, feições sociais e étnicas de ocorrência cotidiana, a memória perfeita entrou em ação. Desta vez, o acúmulo de energia foi suficiente para deslocar o Colóquio do conforto acadêmico do Anfiteatro do Módulo II da UEFS para o intenso “murmúrio” (ARFUCH, 2010, p. 2018), em vozes, odores, cores, sons e faces (facebooks!) do Mercado de Arte Popular. Ali do lado da teórico-literária Rua Sales Barbosa. É preciso perguntar: Serão a mesma rua? Wittgenstein se verá em apuros? A linguagem e “a carne palpitante do concreto” (ARFUCH, 2010, p. 255) entrarão em acordo ou em aporia, para o prazer de Paul Ricoeur?
A instalação da oitava edição do nosso Colóquio em pleno Mercado de Arte Popular é mais uma oportunidade da academia se pôr em escuta daquilo que vem há décadas falando, algumas vezes, sem a autorização ou o respeito devidos. Será uma experiência bem ao gosto de Nestor Garcia Canclini, um dos nossos autores de estudo, quando reclama a nossa presença à vista dos artesãos e comerciantes das cidades e das comunidades. Todos estão convidados para este encontro, em 7 e 8 de dezembro, com o mercado e com o popular. E boas compras!

 

Adeítalo Manoel Pinho
Prof. Titular de Literatura Brasileira da Universidade Estadual de Feira de Santana
Coordenador do GELC Grupo de Estudos Literários Contemporâneos
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